Em 2012, sete milhões
de bahá’ís espalhados por 188 países e territórios do mundo celebram o
centenário das históricas viagens ‘Abdu’l-Bahá ao Ocidente, relembrando suas
perspectivas sobre o mundo atual e analisando as transformações observadas
desde o século passado. Trata-se de uma oportunidade de promover a reflexão
acerca das qualidades manifestadas por esta importante figura da Fé Bahá’í,
considerado o “exemplo perfeito” a ser mirado por todos os seguidores de
Bahá’u’lláh, o Fundador da Fé Bahá’í.
‘Abdu’l-Bahá (1844 -1921) em Paris
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Nascido na Antiga Pérsia (atual Irã)
em 23 de maio de 1844, ‘Abdu’l-Bahá era o filho mais velho de Bahá’u’lláh. Na
maturidade, ‘Abdu’l-Bahá se tornou o companheiro mais querido de Seu Pai e
emergiu como Seu representante, escudo e embaixador no trato com os líderes
políticos e religiosos da época. A extraordinária liderança, conhecimento e
servitude que ‘Abdu’l-Bahá demonstrou trouxeram enorme prestígio à comunidade
bahá’í exilada. Por seu exemplo pessoal e pelo amor com que se dedicava à
humanidade, ‘Abdu’l-Bahá era reverenciado como “Mestre”, denominação utilizada
até hoje pelos bahá’ís. Após o passamento de Seu Pai, em 1892, recebeu a missão
de ser Seu sucessor e intérprete de Seus ensinamentos, conforme designado por
Bahá’u’lláh em testamento, sendo aclamado pelos bahá’ís como o Centro do
Convênio1.
Entre 1910 e 1913, o Ocidente foi
testemunha de sua devoção à humanidade. Após 40 anos de prisões e exílios, aos
66 anos de idade, ‘Abdu’l-Bahá iniciou suas viagens pela Europa e outras
regiões, passando pela Inglaterra, França, Alemanha, Áustria, Hungria, Egito,
Estados Unidos e Canadá. Numa época de inúmeros conflitos e divisões, ele
discursava para multidões sobre temas como a unidade entre os povos do oriente
e do ocidente; a igualdade e a justiça social; os perigos do ódio e das
disputas geradas pelos preconceitos religiosos; entre tantos outros.
“Quando
surgir um pensamento de guerra, fazei-lhe oposição com um pensamento mais forte
de paz. Um pensamento de ódio deve ser destruído por um mais poderoso
pensamento de amor. Pensamentos de guerra trazem destruição da harmonia, do
bem-estar, da tranquilidade e do contentamento”, orientou o Mestre ao
público reunido na Avenida Camões 4 da cidade de Paris, em 21 de outubro de
1911.
Tradução:
“Amigos ternamente amados,
A partida de ‘Abdu’l-Bahá de Haifa para Port Said, há
cem anos, marcou a abertura de um glorioso novo capítulo nos anais da Fé. Ele
não estaria de volta à Terra Santa antes de três anos. Referindo-se a esse
momento histórico, o Guardião escreveria mais tarde: “O estabelecimento da Fé
de Bahá’u’lláh no Hemisfério Ocidental - a realização mais notável que para
sempre há de ser associada com o ministério de ‘Abdu’l-Bahá - ... pusera em
movimento forças tão tremendas, produzindo resultados de tão grande alcance,
que era justificável a participação ativa, pessoal, do próprio Centro do
Convênio”. Com o início das viagens de ‘Abdu’l-Bahá para o Ocidente, a Causa de
Bahá’u’lláh, confinada por mais de meio século pelos líderes da animosidade e
opressão, rompeu as suas barreiras. Pela primeira vez desde o seu princípio, o
reconhecido Líder da Fé usufruiu de uma liberdade de ação para desempenhar
livremente Sua missão divinamente preordenada.
Se considerássemos qualquer capacidade mundana,
‘Abdu’l-Bahá pareceria despreparado para cumprir a tarefa à Sua frente. Ele
tinha sessenta e seis anos, exilado desde a infância, sem instrução formal,
prisioneiro por quarenta anos, com a saúde comprometida e sem conhecimento dos
costumes e das línguas da cultura ocidental. Ainda assim Ele Se levantou, sem
pensar em conforto, sem medo dos riscos envolvidos e totalmente confiante na
assistência divina, para defender a Causa de Deus. Ele interagiu com diversos
povos em nove países de três continentes. O alcance e a intensidade de Seus
esforços incansáveis eram tais que “encheu de admiração e espanto Seus
seguidores no Oriente e no Ocidente” e “veio a exercer uma influência
imperecível” sobre o curso da futura história da Fé.
Durante os próximos anos, bahá’ís de todo o mundo se
recordarão com alegria dos muitos episódios associados à jornada histórica de
‘Abdu’l-Bahá. Mas este aniversário é mais do que um momento de comemoração. As
palavras proferidas por ‘Abdu’l-Bahá durante Suas viagens, e as obras que Ele
empreendeu com total sabedoria e amor, oferecem abundância de inspiração e
múltiplas percepções as quais o corpo dos crentes pode hoje emular – seja em
seus esforços para envolver almas receptivas, promover capacidade para o
serviço, construir comunidades locais, fortalecer instituições, ou explorar
emergentes oportunidades para se engajar em ações sociais e contribuir para os
discursos com a sociedade. Devemos, portanto, refletir não apenas sobre o que o
Mestre alcançou e colocou em marcha, mas também no trabalho que resta a fazer -
ao qual Ele nos chamou. Nas “Epístolas do Plano Divino”, Ele expressou Seu
desejo mais íntimo:
“Ó se eu pudesse viajar, ainda que a pé e na máxima
pobreza, a essas regiões e, erguendo o chamado de “Yá Bahá’u’l-Abhá” em cidades,
lugarejos, montanhas, desertos e oceanos, promover os ensinamentos divinos!
Isso, infelizmente, eu não posso fazer. Quão intensamente eu o deploro! Apraza
a Deus que vós o possais fazer.”
Quase um século se passou desde que essas palavras
foram registradas. Estágio após estágio do Plano Divino foi executado com
sucesso. A Fé foi estabelecida em todos os cantos do mundo. Estamos presentes
naqueles lugares que ‘Abdu’l-Bahá ansiava visitar. Indivíduos, comunidades e
instituições estão agora dotados com a capacidade necessária para ações
sistemáticas, autossustentadas e coerentes. Que durante este precioso período
de recordação, todos os Seus amantes leais se levantem e ajam em Seu Nome. Que
ofereçam sua parte, não importa quão humilde, ao progresso do Plano que Ele
delineou – aquele legado inestimável e eterno.”
[assina: A Casa Universal de Justiça]
1 A
questão da sucessão religiosa tem sido crucial para todas as fés. O fracasso em
resolver essa questão tem levado, inevitavelmente, à discórdia e divisão. A
ambiguidade sobre os verdadeiros sucessores de Jesus e Maomé, por exemplo,
levou a interpretações divergentes das sagradas escrituras e profunda dissensão
tanto dentro da Cristandade quanto do Islã. Bahá’u’lláh, porém, evitou o cisma
e estabeleceu um alicerce inexpugnável para Sua Fé mediante o que estipulou em
Sua última vontade e testamento, documento intitulado “O Livro de Meu
Convênio”. Escreveu Ele: “Quando o oceano de Minha presença tiver refluído, e o
Livro de Minha Revelação se achar completo, volvei vossas faces Àquele Eleito
por Deus, Aquele que brotou desta Raiz Antiga. Este sagrado versículo a nenhuma
pessoa se refere, senão ao Mais Poderoso Ramo [‘Abdu’l-Bahá].”
Fonte: Assessoria Nacional de Comunicação
da Comunidade Bahá’í do Brasil
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